sexta-feira, 15 de outubro de 2010

O pôr-do-sol

OUTRA CRONICA caraca, isso nao acaba? essa ficou prufunda tbm

O pôr-do-sol
 Ficar em casa sozinha não ia me ajudar. Resolvi pegar o carro e ir até a praia. Enquanto eu dirigia, estava tocando “carry you home”, uma música do James Blunt, essa era minha música preferida, mas agora eu não conseguia escutar a parte que dizia “estou assistindo você respirar pela última vez”. Desliguei o rádio.
A praia tinha poucas pessoas. O sol estava quase se pondo. Sentei-me na areia e olhei ao meu redor: das poucas pessoas que estavam ali, a maioria era de casais apaixonados. Lágrimas silenciosas escorreram dos meus olhos. O mar estava calmo, refletindo o tom alaranjado do céu, mesmo assim eu não via felicidade na paisagem. Era triste assistir o pôr-do-sol sozinha. Era triste pensar que eu poderia perder a qualquer momento o homem que eu mais amava no mundo, porque ele estava deitado naquela cama de hospital, desacordado, há duas semanas.
Uma vez ele me disse que se acontecesse alguma coisa com ele era para eu seguir em frente. Mas para onde eu iria? Como eu seguiria em frente sem conseguir enxergar nada? É muito difícil pensar em seguir em frente sem saber exatamente o que é seguir em frente. Eu só queria não pensar nisso naquele momento, eu queria alimentar pensamentos positivos, mas eu sabia que seria quase um milagre se ele sobrevivesse.
Eu sei que um dia as pessoas têm que se separar. A morte é inevitável, mas eu não estava preparada para perder alguém tão importante tão cedo. Nós tínhamos planos para o futuro, nossos sonhos simplesmente não podiam acabar assim.
O celular tocou. Meu coração disparou. Mil coisas passaram pela minha cabeça em menos de meio segundo. Minhas mãos tremiam. Senti meu corpo ficar quente e me senti enjoada. Atendi o celular.
Ouvi tudo que a mãe dele falou e quando acabou a ligação, eu senti meu rosto iluminado de felicidade. Ele tinha acordado e estava completamente consciente. Os médicos achavam que iria se recuperar logo. Corri para o carro para ir ao hospital e dei uma última olhada no pôr-do-sol, que tinha recuperado sua beleza.
Quando cheguei ao hospital, pedi para visitá-lo. Entrei no quarto e vi os olhos dele se iluminarem ao me ver. Nós não precisamos de muitas palavras. Segurei a mão dele e disse:
-Eu te amo.
E ele respondeu:
-Eu também.
Nesse momento eu senti que o nosso amor estava mais forte do que nunca e que essas palavras não poderiam ter sido mais sinceras.

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