domingo, 4 de setembro de 2011

Carry You Home

 Este texto foi escrito com base na música Carry You Home, do James Blunt, e postado inicialmente na comunidade "O Sótão". Postarei aqui por que minha inspiração para escrever parece ter desaparecido, evaporado, se desintegrado, enfim...

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Jamie repousava em meu ombro. Sua respiração era fraca. Ela me olhava como se eu fosse seu único amigo. O único com quem ela podia contar.

Eu sabia que não era bem assim. Os problemas a perseguiam. A doença a perseguia. Eram tão próximos, tão íntimos, que poderia-se dizer que eram seus amigos. Faziam seu rosto jovem carregar uma expressão envelhecida e cansada.

Ela já não se sentia bem-vinda no mundo. Dizia que não era mais seu lugar. E todos em Nova York que a conheciam não tinham nada diferente a dizer. Enquanto isso, seus “amigos“ a arrastavam para a depressão.

Sua respiração ficou mais leve. Pude ver seus olhos se fechando lentamente. O que lhe restava de forças se depositou na suavidade de sua despedida. Eu assistia a cada inspiração de Jamie, sabendo que poderia ser a última.

Sua canção preferida tocava no rádio, como que dedicada a seu doce e forte coração. Mas ele deixou de reagir. E eu sabia o que isso significava. Coloquei-a em meus braços e carreguei-a pelas ruas, levando-a para casa.

As pessoas ainda se divertiam no Central Park. Ninguém parecia notar a menina sendo carregada nos braços de um homem. Ela poderia ter asas e seguir seu caminho para longe. Acredito que, um dia, Deus realmente a presenteie com um belo par.

Agora, seus “amigos” pareciam muito distantes. Eles não mais a levariam para a tristeza e o desespero.

E doía pensar que a minha garotinha preferida estava sendo tirada do mundo naquela noite. Com tantas coisas que poderiam ter sido vividas. Sob as estrelas brilhantes – as do céu e as da blusa patriota que vestia.

A canção que deixáramos para trás há alguns minutos ainda ressoava em minha mente. Chegamos a casa. Coloquei-a no sofá e cobri-a com um edredom, em uma tentativa de manter seu corpo aquecido. Mas isso era inútil. Ele já havia esfriado. E não tinha como recuperar a o calor e a vida daquela menina.

Dei um beijo em sua testa. As lágrimas desceram. Finalmente me despedi. Minha tarefa estava cumprida. Agora seu futuro não estava em minhas mãos. Agora a Morte seria responsável por levá-la para casa.

Fim.

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