sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

O banco

Não olhe para mim desse jeito. Só estou sentada em um banco como outro qualquer. É, eu sei, antes esse era o banco em que eu o esperava, mas agora é só um banco.

Antes ele saía da sala ao lado e eu falava "oi". Ele respondia timidamente. Depois ele sentava ao meu lado e eu não tinha assunto. Mesmo assim eu sentia uma necessidade extrema de falar algo. Isso resultava em curtas conversas sem sentido. Eu me despedia e ele respondia sempre dizendo meu nome depois do "tchau". Eu ia para casa me perguntando como o meu nome podia ser tão bonito quando ele pronunciava.

Agora eu vejo todos os seus amigos saindo da sala de aula que um dia ele frequentara. Um a um. Eu espero ver aqueles olhos verdes brilhantes. Inútil. Eu sei que ele não estuda mais nessa escola.

Alguém apaga as luzes da sala de aula. O professor sai e fecha a porta. Me levanto e volto para casa com a sensação de ter sido roubada. Alguém roubou nossa convivencia mais forte.

Dia seguinte. mesmo horário.

Não olhe para mim desse jeito. Só estou sentada em um banco como outro qualquer. Agora ele é só um banco.

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